São José do Rio Pardo, ,

18/Jul/2020 - 22:10:42

Passaram-se 32 anos

Maria Esméria do Amaral Mesquita




Hoje completam-se trinta e dois anos do falecimento da Serva de Deus Lourdinha Fontão, em consequência de um acidente automobilístico. Dr. Heber, seu esposo, tristíssimo, de repouso absoluto não poderia ir ao funeral e pediu ao sr. Eduardo Roxo Nobre, também muito amigo da família, que filmasse tudo; este, embora constrangido, aceitou a tarefa. Já assisti várias vezes este filme; mostra muito bem o quanto foi sentida esta morte; uma multidão acompanhou o féretro a pé, da Matriz de São Roque até a Igreja de Nossa Senhora de Loreto, onde Dom Tomás quis que seu corpo repousasse. O filme é comovente, mas, o mais importante, é ter registrada a homilia pronunciada por Dom Tomás Vaquero: falou de como a Lourdinha "viveu cada Palavra do Evangelho ao pé da letra".

A amizade entre nós duas era em Deus; começou quando nos conhecemos e não terminou com a morte. Para esta matéria, não dei conta, mas quero ainda escrever algumas gratas recordações.

Resolvi colocar aqui este texto do Padre José Allem, escrito para revista Cidade Nova deste mês que certamente seria do seu agrado.

Viver para amar

O AMOR ? A RAZ?O de tudo o que fazemos no mundo. O amor perpassa todo o Evangelho como seu fundamento, sua razão, seu sentido, seu próprio ser. O próprio Evangelho é AMOR, é o caminho para amar, a verdade sobre o amor, a vida que se revela no amor.

Amar é a única atitude compatível com o Evangelho e capaz de desencadear uma verdadeira revolução; revela a verdadeira face de Deus, o caminho, a verdade da fé, a razão de nossas vidas. Viver o amor muda tudo. Muda nossas relações com Deus, com os outros, com a Igreja, com as pessoas, com a natureza, com a cultura, com tudo aquilo que é expressão da ação humana: a educação, a economia, a ciência, a filosofia, a arte, a política, a própria espiritualidade. O amor é o "segredo" que fez os primeiros cristãos construírem a História da qual todos nós somos herdeiros e protagonistas.

O amor como o de Jesus, o Ressuscitado, decorrente da paternidade de Deus, se expressa de maneira única e original na vocação à unidade: "Pai, te peço que todos sejam uma só coisa como eu e tu" (Jo 17,212). Esse amor de Jesus - ao qual somos convidados a assumir e que constrói a unidade - é algo que se aprende, que se conquista. Esse pode ser o estilo de nossas vidas. Com efeito, amar como Jesus, faz experimentar a vida da Trindade entre nós.

? necessária a presença do amor para que o único e verdadeiro Deus seja conhecido, a fé seja verdadeira e eficaz, surja uma nova humanidade cujos valores sejam outros bem diferentes daqueles que até hoje construíram nossa história em muitas culturas e períodos. E nós, cristãos, somos, por chamado e por missão, aqueles que "acreditam no amor" (1Jo 4, 17.

O ser humano essencialmente é o ser de relação. Já ao nascer, traz consigo a contextual realidade do outro, isto é, daquele de quem emana sua própria identidade. Nascemos todos à semelhança de um só. Não o outro dos psicólogos, do existencialismo, da ideologia, da psiquiatria, da ciência, mas aquele outro não reconhecido, não visto e por isso não amado. Aquele presente um nome da necessidade em primeiro lugar moral de se reconhecer e de se amar na mãe comum, a vida, de onde começa a nossa viagem humana.

Uma vida afeta a outra. No mundo há várias vidas, várias histórias, mas todas elas são uma só! O que dilacera o ser humano na sua existência e a sua relação é a compreensão e atitudes que correspondem àquela metáfora segundo a qual habitamos em um arquipélago de inúmeras ilhas onde, em cada uma delas, existe um de nós vendo a humanidade apenas de acordo com a sua perspectiva. E isso traz consequências para nossa fé e nossa missão.

Cada momento e cada situação da vida são possibilidades de fazer escolhas e renúncias. Escolher amar ou não amar. Se escolhemos amar, renunciamos a tudo que não é amor. Se escolhemos não amar, renunciamos o amor. Nada é neutro ou indiferente em nossa vida. Daí a liberdade e a responsabilidade a que somos chamados.

Deus, que é amor, nos deixa livres para escolher. Cada escolha que fazemos, consciente ou não, vai construindo o tesouro ou o vazio de nossa existência. ? preciso escolher. E cada atitude vai fazendo nascer em nós a nossa personalidade construída no amor ou na sua ausência, o pecado.

? necessário que a nossa alma se recolha e se encontre com Deus. Se não estiver fixa neste único centro, é como uma roda que corre desgovernada, batendo de um lado e de outro. Centrada em Deus, cada uma de suas ações adquire significado, cada uma de suas atitudes para com os homens e com as coisas situa-se num plano sobrenatural. Caso contrário, tudo se esvai e não se percebe mais o sentido da existência. (Chiara Lubich)


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